7. ABORDAGEM CONTINGENCIAL DA ADMINISTRAÇÃO
Esta abordagem salienta que não se atinge a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, e esta é sua maior contribuição: O relativismo (contingência) da administração, ou seja, não existe uma forma única que seja melhor e universal. Há, sim, princípios aplicados a determinadas situações. Em suma: a situação define a teoria e os princípios mais apropriados a serem aplicados.
A Teoria da Contingência está em busca da flexibilidade e da agilidade.
A teoria da contingência preocupa-se com o desenho das organizações, devido a influência que sofrem do ambiente e da tecnologia.
As origens da Teoria da Contingência remontam às pesquisas de Chandler, Burns e Stalker, Woodward e Lawrence e Lorsch a respeito das organizações e seus ambientes. Essas pesquisas revelaram que a teoria disponível era insuficiente para explicar os mecanismos de ajustamento das organizações aos seus ambientes de maneira proativa e dinâmica.
Verificou-se que as características das organizações são decorrentes do que existe fora delas: seus ambientes. Passou-se a estudar os ambientes e a interdependência entre a organização e o meio ambiente. As organizações escolhem seus ambientes e depois passam a ser condicionadas por eles, necessitando adaptar-se a eles para poderem sobreviver e crescer. O conhecimento do ambiente passou a ser vital para a compreensão dos mecanismos organizacionais.
Outra variável que condiciona a estrutura e o comportamento organizacional é a tecnologia utilizada pela organização. Para defrontar-se com o ambiente, a organização utiliza tecnologias que condicionarão a sua estrutura organizacional e o seu funcionamento. A partir da Teoria da Contingência, a variável tecnologia passou a assumir um importante papel na teoria administrativa. Alguns autores chegam a falar em imperativo tecnológico sobre a estrutura organizacional.
Modelo Mecanicista x Orgânico
Para muitos autores, há duas categorias principais de modelos organizacionais. Representam dois modelos extremos.
Um extremo chamaremos de modelo mecanicista. Ele geralmente é sinônimo de burocracia, com extensa departamentalização, alta formalização, rede limitada de informações (basicamente comunicação descendente) e pouca participação dos baixos escalões no processo decisório.
No outro extremo está o modelo orgânico. Ele é achatado, utiliza equipes multifuncionais e multiierárquicas, tem baixa formalização, possui ampla rede de informações (utilizando a comunicação lateral e ascendente, além da descendente) e envolve grande participação no processo decisório.
O Desenho orgânico normalmente apresenta a forma de Adhocracias que é o oposto de burocracia e significa uma forma organizacional livre e solta, totalmente descentralizada e que utiliza equipes e estruturas horizontais dentro das quais as pessoas trabalham juntas ou em grupos interfuncionais cruzados.
O Homem Complexo
Para a Teoria da Contingência, o homem complexo é visto como o homem como um sistema complexo de valores, percepções, características pessoais e necessidades. Ele opera capaz de manter seu equilíbrio interno diante das demandas feitas pelas forças externas do ambiente.
Assim, o homem é visto como um ser transacional (como um modelo de sistema aberto), tem um comportamento dirigido para objetivos e seus sistemas individuais não são estáticos, mas em desenvolvimento contínuo, embora mantendo sua individualidade ao longo do tempo.
CRÍTICAS:
1 – A Teoria da Contingência é eclética e interativa, mas ao mesmo tempo relativista e situacional.
2 – Em alguns aspectos parece que a Teoria da Contingência é mais uma maneira relativa de encarar o mundo que uma teoria administrativa.
3 – A análise ambiental ainda é bastante precária, requerendo muita pesquisa pela frente.
RESUMO:
1 – A Teoria da Contingência é a mais recente das teorias administrativas e marca um passo além da Teoria de Sistemas.
2 – O Homem é visto como um homem complexo: transacional, com comportamento dirigido para objetivos e com sistemas individuais não estáticos.
Dica: Palavras-chaves importantes sobre a Abordagem Contingencial da Administração: relativismo, homem complexo.
Como chegamos ao fim do estudo da Natureza e evolução do conhecimento Administrativo, através de suas várias Teorias, apresentamos, a seguir, um esquema comparativo das Teorias de Administração que estudamos.
Esquema comparativo das teorias da administração.
Aspectos principais
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Teoria Clássica
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Teoria das Relações Humanas
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Teoria Neoclássica
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Teoria da Burocracia
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Teoria Estruturalista
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Teoria Comportamental
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Teoria dos Sistemas
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Teoria da Contingência
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Ênfase:
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Nas tarefas e na estrutura organizacional
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Nas pessoas
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No ecletismo: tarefas pessoas e estrutura
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Na estrutura organizacional
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Na estrutura e no ambiente
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Nas pessoas e no ambiente
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No ambiente
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No ambiente e na tecnologia, sem desprezar as tarefas, as pessoas e estrutura
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Abordagem da organização:
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Organização formal
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Organização informal
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Organização formal e informal
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Organização formal
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Organização formal e informal
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Organização formal e informal
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Organização como um sistema
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Variável dependente do ambiente e da tecnologia
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Conceito de organização:
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Estrutura formal como conjunto de órgãos, cargos e tarefas
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Sistema social como conjunto de papéis
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Sistema social com objetivos a alcançar
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Sistema social como conjunto de funções oficializadas
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Sistema social intencionalmente construído e reconstruído
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Sistema social cooperativo e racional
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Sistema aberto
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Sistema aberto e sistema fechado
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Principais representantes:
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Taylor, Fayol, Gilbreth, Gantt, Gulick, Urwick, Mooney, Emerson
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Mayo, Follett, Roethlisberger, Dubin, Cartwright, French, Zalesnick, Tannenbaum, Lewin
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Drucker, Koontz, Jucius, Newmann, Odiome, Humble, Gelinier, Scheh, Dale
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Weber, Merton, Selznick, Gouldner, Michels
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Etzioni, Thompson, Blau, Scott
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Simon, Mc Gregor, Barnard, Argyris, Likert, Cyert, Bennis, Schein, Lawrence, Sayles, Lorsch, Beckhard, March
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Katz, Kahn, Johnson, Kast, Rosenzweig, Rice, Churchman, Burns, Trist, Hicks
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Thompson, Lawrence, Lorsch, Perrow
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Esquema comparativo das teorias da administração (continuação)
Aspectos principais
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Teoria Clássica
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Teoria das Relações Humanas
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Teoria Neoclássica
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Teoria da Burocracia
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Teoria Estruturalista
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Teoria Comportamental
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Teoria dos Sistemas
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Teoria da ContinG6encia
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Concepção do homem:
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Homo Economicus
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Homo Social
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Homem organizacional
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Homem organizacional
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Homem Organizacional
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Homem administrativo
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Homem Funcional
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Homem Complexo
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Comportamento organizacional do indivíduo:
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Ser isolado que reage como indivíduo (atomismo tayloriano)
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Ser social que reage como membro de grupo social
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Ser isolado que reage como ocupante de cargo e posição
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Ser isolado que reage como ocupante de cargo e posição
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Ser social que vive dentro de organizações
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Ser racional tomador de decisões quanto à participação nas organizações
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Desempenho de papéis
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Desempenho de papéis
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Sistema de incentivos:
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Incentivos materiais e salariais
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Incentivos sociais e simbólicos
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Incentivos mistos, tanto materiais como sociais
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Incentivos materiais e salariais
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Incentivos mistos, tanto materiais como sociais
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Incentivos mistos
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Incentivos mistos
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Incentivos mistos
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(Esquema comparativo das teorias da administração, - retirada do livro do Prof. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração).
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